domingo, 18 de julho de 2010

Eu não sou patriota, preciso ser?

Não sei se sou patriota, nem se quero ser. Não sei porque, mas essa palavra sempre me remete a um certo nível de fanatismo, de intransigência. Talvez por isso o brasileiro não seja tão patriota assim. Porque nós somos flexíveis, pelo menos boa parte de nós. Acolhemos bem e até mesmo com prazer culturas que nos são alheias, afinal somos resultado de inúmeras misturas. Mas gostamos de morar aqui, apesar de tudo. Nossos problemas estão aí a nossa vista, todos sabemos, nem vou enumerá-los. Mas problemas há em qualquer outro lugar, porque somente nós seríamos privilegiados de não tê-los?

O que nos faz gostar daqui creio que seja um sentimento comum a qualquer ser humano: gostamos de pertencer a algum lugar. Um evento interessante é o Brazilian Day, em Nova York. Eu não sei se o 1,5 milhão de pessoas que vão lá são patriotas. Acho que não são, afinal deixaram o seu tão amado país para buscar uma vida melhor. E com desemprego, viôlencia, déficit educacional, etc, etc, quem vai culpá-los? O que será então que explica o fato de que 25 quarteirões da Rua 46 em Nova York fiquem verde e amarelo?

Brazilian Day 2009 - fonte: http://www.brazilianday.com

Patriotismo, ideologia, nacionalismo, nada disso explica o Brazilian Day. Outra palavra talvez explique: saudade. E só sentimos saudade do que gostamos, do que nos fez bem. Do cafezinho quente de manhã, com margarina e pão. Do futebol e do vôlei jogados no meio da rua, com a turma da vizinhança. Do feijãozinho diário, cobrindo o arroz onipresente. Da família, de uma referência, dos amigos. Saudade do seu cantinho no mundo, daquele lugar, onde bem ou mal, se nasceu.

É, isso não é ser patriota. É ser apenas humano. E será que precisamos de patriotas mesmo? De gente cegamente devotada? Incapaz de ter a mente aberta a qualquer coisa que não pertença a seu mundinho? Acho que precisamos mesmo é de apaixonados, de pessoas que se enamorem do Brasil e por isso mesmo cuidem melhor dele. Que procurem fazer o melhor, independente de vantagem ou lucro obtidos. E isso nem precisa ser com gestos grandiosos, basta apenas tratar com um pouco mais de carinho e respeito essa nossa terra, às vezes nem tão “mãe gentil”.

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Este post foi escrito pela Cátia Ana Baldoíno, criadora do Diário de Vírginia. O responsável pelo tema da semana precisa convidar alguém para escrever o post de domingo e, assim, o fiz com a Cátia e ela gentilmente aceitou.

Gostaria de agradecer não apenas a ela, mas a todos os adulterados que fizeram posts bem legais sobre Patriotismo. Espero que quem acompanhou os posts essa semana gostou de ler as diversas opiniões dos posts.

E que venha agora o tema da Wodan Lane. :)

Um comentário:

Mandag Súlimo disse...

Belo post, falou pouco, mais falou bonito hehehe, adorei =)