terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sir Cornwell

Sou uma dessas pessoas que não tem apenas um livro favorito, tenho o meu "top 10" sem classificação, vamos dizer assim, e neles se encontram A paixão segundo G.H da Clarice Linspector, O Ensaio sobre a Cegueira do Saramago e Zen e a Arte da Manutenção de motocicletas. Esses seriam os meus livros de cabeceira, desses que marcam a vida mesmo e você lê e relê várias vezes entendendo coisas diferentes a cada momento, mas não vou falar deles aqui, primeiro porque são o tipo do livro que se você não tiver química (é, química) com a narrativa peculiar você nem vai conseguir ler 10 páginas. Segundo porque não são livros a serem comentados. Não por quem não leu. Você tem que ler por conta própria, sem nenhum conceito anterior, sem expectativa de nada, para ter uma experiência só sua. Téti a téti com os personagens...

Enfim, escolhi para falar de um autor e uma trilogia muito especial para mim: As Crônicas de Arthur do Bernard Cornwell.


"Toque nele, Gorfyddyd e sua vida é minha. Irei enterrá-la no monte de esterco de Caer Idion e chamar os cães para mijar em cima. Darei sua alma aos espiritos das crianças que não tem brinquedos, manterei você na escuridão até que o ultimo dia termine e cuspirei em você até que comece a proxima era e, mesmo então, senhor rei, seus problemas mal terão começado."
Merlin em As Crônicas de Arthur. Bernard Cornwell
Gosta de história, idade média, celtas, bárbaros, saxões? De mocinhos com defeitos e qualidades palpáveis, de mulheres fortes, de vilões atípicos? De guerra? De misticismo? Score!!

Esse é o livro perfeitinho para você! Com uma pesquisa super detalhada, o autor conseguiu fazer sua história sobre o Rei Arthur com vários aspectos reais da Grã-Bretanha em que supostamente viveu o personagem.

Ah, mas não tem magia? Tem e não tem.. depende do seu ponto de vista.

A questão é que o foco do livro não é a busca pelo Graal e os cavaleiros da tavola redonda lutando contra o diabo e as forças do mal. O foco é quem era Arthur e como ele conseguia reunir homens e inspirá-los a tentar reunir a Bretanha.

A narrativa do Cornwell é perfeita, a história é contada em primeira pessoa por um dos cavaleiros de Arthur, Derfel Cadarn. Ao longo dos 3 livros você lê sua visão sobre os acontecimentos da Bretanha em guerra e os personagens peculiares da lenda: Merlin (de longe o Merlin mais filho da p*** que eu já li hahaha), Nimue, Morgana, Mordred, Guinevere etc.

Bem, só pelo resumo da sinopse dá para ver as diferenças na estória:

Artur, na verdade, nunca foi rei. Era, sim, o filho bastardo de Uther, que se transformou no principal líder militar britânico no século V. Após a saída dos romanos da ilha, a Britânia viveu um período conturbado, durante o qual seu povo lutou pela posse da terra de seus ancestrais contra os invasores saxões. Uma época em que os velhos deuses tribais dos Druidas resistiam ao domínio dos cristãos e procuravam recuperar o prestígio e o poder perdidos durante a ocupação romana.

Numa terra dividida entre diferentes senhores feudais e ameaçada pela invasão dos bárbaros do oeste, Artur emerge como um guerreiro poderoso e corajoso capaz de inspirar lealdade e unir o país. Uma personalidade complexa, impelida por honra, dever e paixão, que nos é apresentada de maneira jamais vista.


Gosto tanto do modo cru e palpável que os personagens e as situações são descritas que além dessa trilogia do Arthur, também li outros livros do autor: a trilogia Saga do Graal e Crônicas Saxônicas (5 livros...). De longe, Cornwell é meu autor favorito de estórias com guerra, você se sente dentro do campo de batalha sem ficar perdido ou entediado.

Sabe aquela sensação de "estar em Hogwarts" que todo fã de Harry Potter tinha enquanto lia o livro? Pois é, nos livros do Cornwell você se sente entre os corpos apodrecendo no campo de batalha (é isso era para animá-los a ler, hahaha).

Para fechar, uma das minhas falas favoritas do Derfel:
"Entendo que é possível olhar nos olhos de alguém e de súbito saber que a vida será impossível sem eles. Saber que a voz da pessoa pode fazer seu coração falhar, e que a companhia dessa pessoa é tudo que sua felicidade pode desejar, e que a ausência dela deixará sua alma solitária, desolada e perdida."
O Rei do Inverno. Bernard Cornwell
É isso, aqui tem o primeiro capítulo do livro caso alguém queira conferir.

Até a próxima.

3 comentários:

Larissa disse...

Você fez com que eu colocasse essa trilogia nos livros que eu TENHO que ler, adorei, adoro estórias de guerra, misturadas com misticismo e tudo mais.
Adorei mesmo.
E só outra coisa, eu adoro A paixão segundo GH, e achei legal que tu não falou nada sobre ele, porque na minha opinião, esse é o tipo de livro que cada pessoa interpreta de um jeito, é o tipo de livro que ganha um significado diferente para cada um.

Mandag Súlimo disse...

Estou doido para ler O Ensaio sobre a Cegueira, pena que não comentou sobre hehe. Agora fiquei curioso para ler esses livros do Cornwell, não li ainda uma trilogia melhor que O Senhor dos Anéis e uma série melhor que Harry Potter, quem sabe eu não me supreendo hehe :D

jmq disse...

Ahh menina, leia os livros de Bernard Cornwell, "as crônicas saxônicas".
Este ano saiu o 5°, eu creio que sejam 8, eu recomendo. Alias quem ñunca leu Bernanrd Cornwell não conhece um boa leitura. haha